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Long Story Short

Long Story Short

11
Jan24

Altos e Baixos

Marta Leal

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Sendo uma pessoa tendencialmente positiva sei que a vida por vezes é tramada. Num percurso de 54 anos já tive prova disso. A vida é feita de altos e baixos, de períodos de grandes conquistas, alternados com momentos de grandes derrotas. O segredo não está em evitar o que é mau, mas aprender com ele e escolher a forma de lidar com isso. É a nossa individualidade que nos permite superar e encarar aquilo que nos acontece de menos bom. É o nosso autoconhecimento que nos dá as ferramentas para o enfrentarmos.

 

2023 foi um autêntico arrastão de coisas menos boas, mas isso não me impediu de me divertir, de tomar decisões que implicaram algumas mudanças e de continuar a sonhar. Acredito até que foi o “arrastão” que me colocou novamente no meu caminho. Não estava doente, não sentia nada de anormal no meu corpo, portanto aquilo que era uma mera rotina transformou-se num pesadelo, numa sensação de estar a viver algo que não era meu. Mas é. E aceitar isso é meio caminho para a cura.

 

Depois de passar uns dias atordoada, arregacei as mangas, procurei soluções e lá fui eu resolver aquilo que tinha para resolver. Difícil foi convencer os outros que estava bem, que me sentia serena e tranquila. Tenho a sensação de que passei dias a consolar os que me rodeavam pela minha condição. É normal, sentimo-nos tão perdidos quando estamos impotentes perante a doença, mesmo que ela não seja nossa.

 

Long story short, acreditem ou não até dei um abraço de consolo à senhora que me vendeu os soutiens cirúrgicos, tal era o olhar dela.

09
Jan24

O regresso

Marta Leal

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Terminei o tratamento de radioterapia na sexta e regressei á escola na segunda. Não digo que fui aos saltinhos porque o esqueleto anda dorido e os músculos fazem questão de falar comigo todos os dias. Consequências do tratamento e da medicação. Não saltou o corpo, mas saltou a alma. Tinha saudades do som, dos sorrisos, dos abraços e das partilhas de corredor com os alunos. Afinal de contas, o que todos precisamos é de uns minutos de atenção, de alguém que nos ouça, nos compreenda, nos sorria e nos embale perante alguma preocupação.

 

Como ainda tenho de ter algum cuidado, não abracei toda a gente porque o raio da gripe se interpôs entre mim e eles, os constipados, porque os outros, os aparentemente saudáveis, não se safaram!  É tão bom regressarmos onde somos felizes e onde nos tratam tão bem.

 

Defendo que um bom professor tem de ser um excelente ser humano. Se não o for não há conhecimento que lhe valha. E dessa certeza não abdico. Também defendo que isolados não fazemos nada e por isso devemos estar rodeados de pessoas de coração quente. E equipa que é equipa move-se pelo coração. E o coração da minha equipa aqueceu o meu quando abri o meu gabinete e vi todo o amor que ali estava. Remodelaram, cuidaram e tornaram-no um local acolhedor.

 

Long story short, não lhes digam nada, mas fiquei tão emocionada que tive de engolir em seco para não desabar. E eu que não gosto de surpresas sou bem capaz de começar a gostar!

03
Jan24

A sala de espera

Marta Leal

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Desde o dia 4 de dezembro que, em dias úteis, tenho a mesma rotina. Na maioria das manhãs vou a casa dos pais para ajudar a mãe na dinâmica com o pai. E à tarde vou à Clínica, na Amadora, fazer ao tratamento de radioterapia, que termina já esta semana. Demoro cerca de 3 horas entre idas e vindas e achei que seria um processo penoso, mas não está a ser.

 

Nunca pensei escrever isto, mas vou sentir saudades dos momentos na sala de espera. Dos resmungos da Dona C. enquanto aguarda que os bombeiros a venham buscar, dos protestos da Dona. A. sempre muito apressada e ciosa do cumprimento dos horários, das gargalhadas do Senhor J. perante os protestos da Dona M. que nos seus 84 anos nos coloca a todos a um canto e que tem sempre tanto para nos contar.  Do marido da Dona M. que vai sorrindo e acrescentando pedaços às histórias que ela nos conta. Dos sorrisos velados de quem acabou de chegar e ainda não sabe o que o espera e das partilhas de quem se vai sentido mais à vontade.

 

As despedidas de quem termina são um misto de felicidade e de saudade antecipada de uma partilha natural entre quem a vida surpreendeu, mas que se recusa a baixar os braços. Quem diria que seria tão feliz numa sala de espera!

 

Long story short, há dias a mulher do Senhor J. confessou-me que o marido estava mais otimista depois de nos ter encontrado a todos e eu fiquei de lagrimita no olho porque sem saberem aquelas pessoas me acrescentaram tanto.

01
Jan24

Feliz 2024

Marta Leal

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Tendo em conta o tsunami que foi 2023 (descoberta de um carcinoma na mama, mudança de casa, operação, tratamentos e enfarte do pai), decidi passar o fim de ano em casa com os meus quatro patas. E ninguém me conseguiu convencer que outro tipo de programa seria melhor. Vesti o meu melhor pijama. petisquei marisco e queijo acompanhados de um bom vinho. Preparei as passas, fiz contagem decrescente, brindei ao novo ano, fui para a janela festejar com os vizinhos e acabei a noite de bem com a vida e comigo mesma. Quando percebemos a nossa fragilidade perante a vida tudo muda, não é verdade?

 

Mas ainda não tinham passado 9 horas da entrada do novo ano e já eu me perguntava onde é que tinha falhado. Acordei, levei as cadelas à rua, tomei o pequeno-almoço e eis senão quando percebo que o esquentador se recusava a trabalhar. Acreditando que era das pilhas saio de casa com a esperança de que em algum lugar havia uma loja aberta para resolver a situação e tomar aquele primeiro banho do ano. Encontro uma loja aberta e penso o quanto sou uma mulher de sorte. Compro as pilhas, regresso a casa, mudo as pilhas e o dito cujo continua impávido e sereno.  Enquanto, o olho com aquele que penso ter sido um olhar mortífero, consigo partir um copo que se estilhaça pela cozinha toda.

 

Respiro fundo e sei que a única solução está na chaleira e no alguidar. Há alguns anos aconteceu-me o mesmo durante esta época. Ainda não consegui perceber se é o esquentador que tem um sentido de humor retorcido ou se eu devia ter vestido as cuecas azuis para ter sorte durante 2024.

 

Long story short, hoje foi um dia de poupança na água e no gás o que, se eu pensar bem, está alinhado com aquilo que defini para 2024 ... fazer poupanças!

 

Feliz 2024!

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