O regresso
Terminei o tratamento de radioterapia na sexta e regressei á escola na segunda. Não digo que fui aos saltinhos porque o esqueleto anda dorido e os músculos fazem questão de falar comigo todos os dias. Consequências do tratamento e da medicação. Não saltou o corpo, mas saltou a alma. Tinha saudades do som, dos sorrisos, dos abraços e das partilhas de corredor com os alunos. Afinal de contas, o que todos precisamos é de uns minutos de atenção, de alguém que nos ouça, nos compreenda, nos sorria e nos embale perante alguma preocupação.
Como ainda tenho de ter algum cuidado, não abracei toda a gente porque o raio da gripe se interpôs entre mim e eles, os constipados, porque os outros, os aparentemente saudáveis, não se safaram! É tão bom regressarmos onde somos felizes e onde nos tratam tão bem.
Defendo que um bom professor tem de ser um excelente ser humano. Se não o for não há conhecimento que lhe valha. E dessa certeza não abdico. Também defendo que isolados não fazemos nada e por isso devemos estar rodeados de pessoas de coração quente. E equipa que é equipa move-se pelo coração. E o coração da minha equipa aqueceu o meu quando abri o meu gabinete e vi todo o amor que ali estava. Remodelaram, cuidaram e tornaram-no um local acolhedor.
Long story short, não lhes digam nada, mas fiquei tão emocionada que tive de engolir em seco para não desabar. E eu que não gosto de surpresas sou bem capaz de começar a gostar!