A primeira sala de espera
Inspiro-me nos que me rodeiam, nas conversas que tenho ou a que assisto, nos desabafos feitos ou nos silêncios, naquilo que observo, vivencio e reflito. Inspiro-me, também, nas pessoas com que me cruzo, com quem trabalho e nos que me escrevem em jeito de desabafo e me abrem o coração sem que os conheça.
Vou registando e anotando histórias, as minhas e as dos outros. Escrevinhando aqui e ali. Tenho um sem número de cadernos e outras tantas pastas espalhadas pela cloud. Hoje, lembrei-me de vos falar dela. Não sei o nome, nem tão pouco onde mora, o que faz ou quem é. Quis a vida que em determinado momento estivéssemos na mesma sala. Para ser exata o melhor é escrever que quis a vida que em determinado momento estivéssemos na mesma situação.
Lembro-me de pensar que a sala cheirava a angústia,os olhares eram de medo e o silêncio era apenas quebrado quando alguém chamava mais um nome. Eu pouco habituada a estas andanças, fiz o que sempre faço. Entrei acompanhada do meu livro e refugiei-me no silêncio das letras. É aí que me refugio sempre que tenho algum problema.
Ela vinha acompanhada por quem imaginei ser o marido. Ele tentava acalmá-la, mas ela chorava por antecipação. Os nossos olhares cruzaram-se e sorri-lhe. Conversámos e tentei acalmá-la. Ela entrou antes de mim e saiu com um sorriso de orelha a orelha, deu um suspiro bem fundo e disse-me “não é nada, não tenho nada!”. Sorri-lhe de volta e disse “Que bom!”. Foi aí que o semblante mudou, pediu desculpa por estar feliz. Como é que posso estar feliz se está aqui tanta mulher que ainda não sabe os resultados? Pode e deve, respondi-lhe eu! Não nos podemos sentir culpados porque estamos bem. Vá festejar e aproveite! E lá foram eles, felizes e aliviados.
Long Story Short, quanto a mim, recebi notícias bem diferentes e aquela foi a minha primeira sala de espera de um caminho que tinha de percorrer.